2ª Semana de Fotografia
de 22 a 26 de outubro de 2012Apresentando um cronograma mais completo do que em sua primeira edição, a 2ª Semana de Fotografia teve como atrações palestras, saídas de campo e passeios fotográficos, além de algumas exposições.
As palestras foram: Fotografia e Metrópole, por Luciano Bernadino da Costa, com extenso currículo nas áreas de educação, arte, arquitetura e urbanismo. Nela tratou, entre outros assuntos, da perpetuação do cotidiano urbano pela fotografia e sua relação histórica; “Henri Cartier-Bresson – A magia do instante decisivo” por Nelson Chinalia, em sua segunda participação na Semana de Fotografia; “Instagram – O Twiter da imagem e os dispositivos móveis“, também por Nelson Chinalia; por sua vez, em “Barthes e Benjamin: Um diálogo sobre fotografia” a Mestre em filosofia pela PUC – São Paulo Leila Silva L. Tourinho nos guia por um paralelo entre duas grandes obras; e finalmente tivemos Aves: “Preservar para Observar” ministrada pelas amigas e associadas Bel Barbiellini e Cris Campanella, mostrando um pouco de seu trabalho de observação, fotografia e preservação de pássaros. Esta última palestra teve como complemento uma saída de campo para observação e fotografia de aves.
Tivemos ainda uma saída fotográfica por Pouso Alegre, guiada por Magda Bast, com o objetivo de conhecer e retratar os casarões históricos da cidade.
As exposições, Lusa Luz (Fábio Brandão), Carne e Pedra (Família Matni), Nostalgia (associados Foto Clube Pouso Alegre) complementaram o calendário da semana.
Palestras
Fotografia e Metrópole
A fotografia nasce com as metrópoles modernas. Nelas encontra, em um primeiro momento, a perpetuação de uma paisagem em transformação contínua. Já na virada do século, partilha a temporalidade do instante, do momento fortuito, que fundará muito da idéia que temos de fotografia do cotidiano urbano. Por sua vez, pensar em fotografia urbana contemporânea, em parte, é retomar esses legados que se constituíram ao longo do século xix e xx. Contudo, foto-urbana-contemporânea é também um olhar que tende a um forte conceitualismo, que não tem mais pudor em mostrar-se como ficcional ou descritivo ao limite; manipulável ou coexistente a concepção de um documento “verdadeiro”. Essa palestra pretende traçar um percurso desses vários discursos fotográficos que afetam nosso olhar, capazes de nos conduzir a interpretações do modo como vivemos juntos no urbano.
Palestrante: Luciano Bernardino da Costa .
Doutor pela FAU-USP na área de Projeto, Espaço e Cultural sob a orientação da Profa. Dra.Vera Palamin. Possui mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2001) e graduação em Ciências Sociais também pela UNICAMP (1991). É professor doutor, em regime RTC, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (IAU-USP) e professor assistente III da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Atua principalmente nas áreas de artes, linguagem da arquitetura e da cidade, fotografia e suas interações com o urbano.
Henri Cartier-Bresson - A magia do instante decisivo
Um dos maiores foto documentaristas do seculo XX. Com sua câmera Leica registrou uma Europa abalada pela guerra, a vitória comunista na China e cenas cotidianas em Paris. Registrou celebridades do seu tempo e fundou a maior agência de fotojornalismo do mundo, a Magnum Photos.
Nascido na Paris de 1908, Henri viveu uma época onde os pais ditavam o futuro dos filhos mas tendo ele já nascido um artista livre seguiu seu próprio rumo. Em uma viagem à África Henri deixou a pintura e se enveredou de vez pela fotografia se tornando o grande mestre da arte fotográfica dos anos 20 inspirado pela fotografia de do húngaro Martin Munkacsi, publicada na revista Photographies (1931), mostrando três rapazes negros a correr em direção ao mar, no Congo.
Viajou o mundo com sua Leica em punho e fez o mundo viajar com suas fotografias focadas em temas do fotojornalismo. Como não poderia deixar de ser, fez grandes registros históricos, foi prisioneiro dos Alemães por três anos durante a Segunda Grande Guerra e por pouco não fazem uma exposição póstuma de suas obras por acharem que estava morto. Foi também o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida na União Soviética de maneira livre.
“No meu modo de ver, a fotografia nada mudou desde a sua origem, exceto nos seus aspectos técnicos, os quais não são minha preocupação principal. A fotografia é uma operação instantânea que exprime o mundo em têrmos visuais, tanto sensoriais como intelectuais, sendo também uma procura e uma interrogação constantes. E’ ao mesmo tempo o reconhecimento de um fato numa fração de segundo, e o arranjo rigoroso de formas percebidas visualmente, que conferem a esse fato expressão e significado”.
Palestrante: Nelson Chinalia
Fotógrafo e jornalista. Foi editor de Fotografia do Correio Popular de 1994 a 1998. Formado em Jornalismo pela PUC-Campinas, mestre em Jornalismo e Mercado pela Cásper Libero, professor de Fotojornalismo na Puc-Campinas e pesquisador do GEMeF no Centro de Memória da Unicamp. Premio. Vladmir Herzog de Fotojornalismo e Direitos Humanos em 1995. Fotografa regularmente para diversas publicações.
Instagram - O Twiter da imagem e os dispositivos móveis
Tão importante quanto produzir uma boa imagem é disponibilizá-la nas redes sócias imediatamente depois de sua produção. Esta “informação visual” que pode ter o toque autoral virou moda mundial, pode valer muito mais que 140 caracteres. Pode ter o valor de arte.
Palestrante: Nelson Chinalia
Fotógrafo e jornalista. Foi editor de Fotografia do Correio Popular de 1994 a 1998. Formado em Jornalismo pela PUC-Campinas, mestre em Jornalismo e Mercado pela Cásper Libero, professor de Fotojornalismo na Puc-Campinas e pesquisador do GEMeF no Centro de Memória da Unicamp. Premio. Vladmir Herzog de Fotojornalismo e Direitos Humanos em 1995. Fotografa regularmente para diversas publicações.
Barthes e Benjamin: Um diálogo sobre fotografia
A presente comunicação tem como objetivo traçar um diálogo entre Roland Barthes e Walter Benjamin, na busca de uma compreensão mais apurada daquilo que ambos procuraram retratar com seus textos, A câmara clara de Barthes, “Pequena história da fotografia”, e “A Obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica” de Benjamin, diante da imagem fotográfica, do olhar, bem como da mudança na percepção do homem moderno.
Palestrante: Leila Silvia L. S. Tourinho
Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente é professor assistente da Faculdade Católica de Pouso Alegre. Atua na linha de Pesquisa da História da Filosofia, com ênfase na Filosofia Moderna e Contemporânea.
Aves: Preservar para Observar
Fotografar Aves é entrar em sintonia com a Natureza. É entender a necessidade da Preservação sentindo-se à vontade para colaborar com as futuras gerações. Fotografar Aves é aguçar os sentidos, exercitar o corpo e a mente, e ainda ter a possibilidade de levar para casa lindos registros. Em nossa palestra falaremos sobre a importância da Preservação, Birdwatching, Dicas de Avistamento, Noções de Equipamento, e aproveitaremos a oportunidade para apresentar alguns de nossos registros.
Palestrante: Bel Barbiellini e Cris Campanella
Fotografando juntas há cinco anos, Cris Campanella, mineira de Pouso Alegre, e Bel Barbiellini, caiçara de Santos, são as fotógrafas responsáveis pelo Projeto Roteiro das Aves na cidade do Guarujá/SP, onde estão participando do mapeamento de trilhas de Ecoturismo e catalogando as espécies encontradas na região.
Desenvolvem atividades de iniciação à Observação de Aves com o Grupo de Escoteiros do Guarujá, e no último mês de Agosto ministraram o Curso de Formação de Monitores de Observação de Aves para Guias Ambientais.
Desde Fevereiro de 2012, Cris Campanella viaja com sua Exposição itinerante “Meus Amigos Alados”, que apresenta 25 imagens da avifauna brasileira. A Mostra já visitou as cidades de Santos, São Vicente, Mogi das Cruzes e atualmente se encontra em Guarujá, na Fortaleza da Barra.
Exposições
Lusa Luz
O surgimento da fotografia ampliou as possibilidades do homem capturar o tempo e ampliar a sensação de controlá-lo, congelando o instante para a eternidade.
A fotografia é a negação do nada e cumpre a função de meio entre o que é e o que foi.
Temos a necessidade de prolongar o contato, a proximidade, o desejo de que o vínculo persista, no entanto nem sempre o instante cabe na fotografia.
Aqui temos simples momentos de instantes do outro lado das águas, terra lusa onde a saudade é plantada no olhar, de onde partimos sem sair do lugar.
Fotógrafo: Fabio Brandão .
Local: Divina Maria Café e Cultura .
Rua Adolfo Olinto, Centro, Pouso Alegre – MG .
Data: 13/10/2012 – 13/11/2012
Carne e Pedra
No corpo racionalizado da cidade atual, a palavra perdeu seu poder e seu espaço está restrito a espaços controlados, como os pequenos compartimentos postos em linha de nossos computadores pessoais (de mesa ou de bolso). A palavra perdeu sua franqueza e seu alcance, seu lugar justo e aberto na praça pública. Neste contexto, o grafite surge como um novo texto uma interpelação, um grito, mais simbólico e, portanto, mais aberto, mais afetivo, capaz de afetar. O muro, que é a pele que recobre a cidade, deixa vir à tona o que a “mente” da cidade quer suprimir, sublimar, normalizar. O propósito deste projeto é responder a essa interpelação; uma vez estabelecido o contato (visual-fotográfico), dar seguimento ao diálogo cuja instância foi “forçada” pelo grafismo. Manipulando essas imagens, aproximamos a carne dura da cidade à linguagem do desenho e realçamos a cor (recurso indissociável do grafite) a fim de ampliar essa voz, carne viva e pulsante no seio da cidade.
A construção de linguagem visual aqui focada, constitui um percurso trilhado por diversos emparelhamentos ou coletivos: o primeiro, e obviamente mais importante; dos artistas que são a massa crítica anônima (o que nos parece fundamental por seu caráter contestatório e representativo) que produz este fenômeno social; o segundo, representado pelas pessoas que idealizaram, deram forma, realizaram este projeto, cuja principal busca é atrair os olhares e a discussão sobre a cidade, que somos todos nós; e por último, você que está lendo este texto e vai deslocar-se de sua posição, descentrar-se, desencaixar-se de sua rotina e vai até lá ver esta exposição, nem que seja só pra conferir do que afinal estamos falando; e que, com um pouco de sorte, daqui em diante, vai ver os muros de sua cidade e as pessoas que nela vivem, de modo diferente.
Fotógrafos: Família Matni
Local: Galeria Artigas – Espaço A
Avenida Doutor Lisboa, 201, Centro –, Pouso Alegre – MG
Data: 10/11/2012 a 21/11/2012
Nostalgia
Toda memória é construção. Ainda que apoiada em uma referência física, material, sempre carrega uma carga de emoção. Portanto, podemos dizer que na verdade toda memória é re-construção. Sim; pois mudamos sempre e continuamente nos refazemos a partir de nossa memória (que nos diz o que somos, ou éramos um minuto antes), ou seja, diante de cada lembrança, nos re-construimos. Sob este aspecto a fotografia tem um papel extremamente relevante, porque sendo capaz de representar imageticamente de maneira acurada uma dada situação, é capaz de “acordar” memórias e emoções insuspeitas nas pessoas que as observam. Estabelecer este contato visual-emotivo é a busca fundamental de qualquer fotógrafo, e por isso “nostalgia” (saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado – segundo o dicionário Houaiss) é o tema da exposição anual do Foto Clube Pouso Alegre, que faz parte da programação da Segunda Semana de Fotografia de Pouso Alegre.
Fotógrafos: Associados do Foto Clube Pouso Alegre.
Local: Galeria Artigas – Espaço B
Avenida Doutor Lisboa, 201, Centro –, Pouso Alegre – MG
Data: 10/11/2012 a 21/11/2012
(des)molduras
O retrato remonta ao renascimento; quando o homem baixando os olhos do céu enxergou o próprio reflexo. Sua onto-lógica sempre tem sido a da prevalência da forma sobre o conteúdo, representações dos papéis que desempenhamos ou aos quais desejamos nos submeter, viver, incorporar. Formas, moldes, modelos, molduras. Relação que se adapta muito bem a esses tempos de redes sociais, de reprodução onde “ser” é ser visto, onde o convite sedutor da facilidade tecnológica torna a tentação do “formato” quase irresistível. Podemos num “clic” materializar toda a nossa felicidade “comprável”, valor “visível” ali iluminada, ao alcance dos olhos. Inverter esta lógica é a nossa ambição. Fotografando pessoas que por um motivo ou outro não se encaixam nos padrões, nas “molduras” vigentes, procuramos trazer à superfície aquilo que as estrutura, move, apaixona, realiza. Obviamente se trata de uma busca, um exercício, um desejo que esperamos estender a você. Olhe o outro. Mas não se limite à sua aparência; permita que sua intuição te leve mais fundo; àquela região na qual mais do que “ver” o “quê”, você vai “saber” “quem”, e talvez, quem sabe, também possa descobrir algo de muito valioso sobre si mesmo…
Fotógrafos: Fábio Brandão, Mauricio Almeida e Ligia Matni.
Local: Faculdade Católica de Pouso Alegre (Facapa) – 09h as 19h
Av. Monsenhor Mauro Tommasini, 75 – Bairro São Carlos – Pouso Alegre – MG
Data: 29/10 a 01/11
Saídas Fotográficas
Saída de Campo para observar aves
Saída de Campo para observação e fotografia de aves.
(relacionada à Palestra: “Aves: Preservar para Observar”, de Bel Barbiellini e Cris Campanella)
Domingo, dia 28/10, no Horto Florestal
Passeio Histórico Cultural pelo Centro de Pouso Alegre
O passeio feito por algumas ruas do centro de Pouso Alegre, evidenciando alguns casarios antigos e patrimônios históricos centenários.
Sábado, dia 27/10, saindo da Casa dos Junqueira.
Magda Bast
Formada em Turismo e Hotelaria pela Universidade do Vale do Itajaí e pós graduanda em Gestão Cultural pelo Itaú Cultural, em parceria com a Universidade de Girona (Espanha) por meio da Cátedra Unesco de Políticas Culturais e Cooperação. Está Diretora de Turismo na Secretaria de Cultura e Turismo e atua diante das políticas públicas para o desenvolvimento de turismo cultural e turismo de negócios e eventos, segmentos de grande potencial em Pouso Alegre.